Como isso é possível?
Todos nós temos em nosso cérebro áreas específicas para receber informações sensoriais vindas de cada parte do corpo. A representação destas áreas no cérebro ocorre como no famoso diagrama de Penfield:
Uma pessoa amputada, apesar de perder o membro, continua com essa área do cérebro ativa. Como não existe mais o membro para mandar as informações de sensibilidade para o cérebro, este fica "confuso" e pode interpretar isto como dor. Muitos amputados apresentam esta dor, a chamada dor-fantasma (o correto seria dor do membro fantasma, pois a dor é real!), e chegam até a sentir que o membro está disforme ou numa posição anatomicamente impossível, e portanto dolorosa.
Desta forma, ao colocar-se um espelho entre o membro sadio e o amputado nosso cérebro enxerga dois membros sadios, fazendo com que a ideia de um membro retorcido deixe de existir, e portanto, a dor deixa de existir também.
Outro caso em que a terapia do espelho é muito valiosa são casos de paresia (perda parcial do movimento de um ou mais membros). Já foi provado que ao imaginarmos algum movimento, ativamos a mesma região do cérebro que se ativaria ao realizarmos o movimento propriamente dito. Por este motivo, em muitos casos de acidente vascular encefálico, é pedido ao paciente que imagine o movimento do membro acometido mesmo antes de recuperar a força do mesmo. Sendo assim, por que não tornar esta imagem ainda mais real, colocando-se um espelho?
O ideal é colocar o espelho entre o membro acometido e o saudável, e pedir para o paciente tentar realizar o movimento igual nos dois membros. Mesmo que o acometido não faça o movimento correto (ou ainda nenhum movimento), as vias cerebrais responsáveis por este movimento estarão sendo ativadas, facilitando a recuperação do mesmo!
Já atendi pacientes amputados e com paresias utilizando o espelho, e posso dizer que o resultado é bem satisfatório!