quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Síndrome do chicote - acidentes automobilísticos

Estatísticas publicadas recentemente na revista Veja mostram que os acidentes automobilísticos são a segunda maior causa de morte no país. Além de muitos casos fatais, estes acidentes podem ter outras consequências, como fraturas, amputações e lesão medular.

Porém existe um tipo de lesão muito frequente em acidentes de trânsito, porém pouco comentada e entendida: a síndrome do chicote.

No Brasil, 300 a cada 100.000 habitantes são atendidos em setores de emergência por ano devido a esta síndrome. Considerando que muitos casos não são reportados nem diagnosticados, podemos afirmar que a incidência desta lesão é muito maior.

O mecanismo do chicote ocorre por uma aceleração-desaceleração de transferência de energia aplicada ao pescoço, e por isso é muito associada a acidentes de carro, já que é decorrente de freadas bruscas e/ou colisões.



O impacto na região cervical pode causar lesões ósseas e em tecidos moles, podendo ocasionar diversas manifestações clínicas, como cervicalgia (dor no pescoço), rigidez cervical, tontura e perda de equilíbrio, parestesias (distúrbios sensoriais como formigamento ou hipersensibilidade ao frio), alterações motoras no pescoço, e até problemas cognitivos, como a perda de memória. É comum também, além da dor cervical, dores em ombros, braços e coluna.

Esta série de sintomas pode se iniciar imediatamente após o acidente, ou até 15 horas depois. Entretanto, não há um critério diagnóstico concreto da síndrome, somente os sintomas referidos pelo paciente. É importante também realizar exames clínicos e de imagem para descartar fraturas, lesões musculares ou medulares.

A síndrome foi classificada segundo a Quebec Task Force em 4 graus:

- Grau 1: sem sem sinais físicos, mas com queixa de dor, rigidez e hipersensibilidade cervical;

- Grau 2: presença de problemas musculoesqueléticos como diminuição da amplitude de movimento e áreas de hipersensibilidade;

- Grau 3: Presença de sinais neurológicos, como déficits motores e/ou sensoriais ou anormalidade dos reflexos miotendíneos;

- Grau 4: Presença de fraturas ou luxações.

Apesar de não ser inteiramente esclarecida, acredita-se que existam lesões ocultas relacionadas ao mecanismo do chicote, como microfraturas nas articulações facetárias das vértebras. Também é possível que ocorram microlesões e distensões de estruturas como a cápsula articular, ligamentos, artérias, tecido neural e ânulo fibroso dos discos intervertebrais.



O tratamento inicial da lesão do chicote costumava ser a imobilização com colar cervical, porém estudos recentes concluíram que a imobilização prolonga o tempo de recuperação da síndrome. Portanto, o tratamento indicado atualmente é a fisioterapia. Com exercícios funcionais, deve-se aos poucos recuperar a amplitude de movimento e reeducar a musculatura, para que esta retorne aos padrões de movimento anteriores à lesão.


Por ser comumente associado a sintomas de estresse pós-traumático, o tratamento psicológico também é de grande valia para a recuperação dos indivíduos com a síndrome do chicote.

8 comentários:

  1. sofri um acidente de carro e desde então estou constantemente com fortes dores no pescoço e meio da coluna quando acordo estou bem sem dor e no decorrrer do dia elas vem e muda minha postura chegando a me curvar ate 4 cntimertos do meu tamanho .o que fazer por favor me ajudem

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    1. Olá Marcos,

      dores e alteração são sintomas muito importantes, que devem ser avaliados e tratados o quanto antes. Sugiro que você procure um fisioterapeuta especializado para avaliá-lo e tratá-lo imediatamente!

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  2. Sofri um acidente dia 01 de janeiro de 2014, e fiquei uma semana com o pescoço mobilizado com o colar cervical, fiz fisioterapia, melhorou um pouco, depois sentir as dores novamente e voltei a fazer as fisioterapias, depois fiz uma ressonância e descobri que fraturei meu pescoço, sofro muitas dores, formigamentos, pode acontecer algo? tenho medo de em algum tempo da minha vida, ter algum tipo de invalidez

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  3. Sua fratura ainda não está consolidada? Se estiver consolidada, é necessário ver como foi a consolidação, mas o risco é pequeno. Se não for uma fratura bem consolidada, pode ter um fragmento deslocado, que pode causar algum sintoma. Sugiro avaliação com ortopedista

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  4. Sofrir um acidente em novenbro do ano passado, pequena lesao na vertebra c3, e hoje ainda sinto dores no nervo do pescoço que vae da nuca ate o trapezio, quando aperto a nuca sinto uma pontada no trapezio. Fui malhar essa semana e no exercico de remada acabei maxucando dnovo e agora esta um pouco inflamado. Sera que pode ser essa sindrome do chicote?

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    1. Boa tarde Iacson,

      você já fez algum exame para ver se a fratura que teve está bem consolidada? Além disso, o exame de imagem da sua cervical detectou algo como osteófitos, protusão discal ou hérnia de disco?

      Tudo que citei anteriormente pode estar causando essas dores, então primeiro investigue com o médico se você tem alguma dessas coisas. Se tiver, faça o tratamento indicado, com fisioterapia para isto.

      Porém, se tudo isso foi investigado e der negativo, pode ser sim que suas dores venham da síndrome do chicote.

      Espero ter ajudado!

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  5. Olá, Denise. Há dois meses, sofri um desmaio quando estava em pé e, com a queda, bati a cabeça no chão. Desde então, sinto dores no pescoço, que irradiam para cabeça, rigidez muscular no pescoço e ombros e sensação de estar "mareada". Já fiz angioressonância na cabeça e pescoço, tomografia do crânio, raio x do pescoço. Nada foi detectado, apenas retificação da coluna cervical. Ao ler artigos como o seu, passo a desconfiar dessa síndrome do chicote. Pergunto: quando se fala em tratamento por fisioterapia seria exatamente o quê? RPG? O ortopedista recomendou RPG e Acupuntura. Na sua opinião, seria esse o caminho? Obrigada! Regina.

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  6. Olá.

    É possível sim que você tenha adquirido a síndrome do chicote com a queda.

    A acupuntura irá tratar sintomas (dor, tontura, enjoo), porém não fará nada em relação à instabilidade nem ao alinhamento cervical. O RPG é uma técnica postural e pode ser uma alternativa para o início do tratamento, ajudando a realinhar a coluna, entretanto para melhorar a estabilidade são necessários exercícios funcionais (não confundir com treinamento funcional!), que restabeleçam a mobilidade com estabilidade do pescoço. Uma alternativa é achar fisioterapeutas especializados nesse tipo de reabilitação, ou até mesmo Pilates, desde que individual e com fisioterapeuta.

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