quinta-feira, 28 de julho de 2011

“Ombro do nadador” - Lesões do manguito rotador

O manguito rotador é formado pelos músculos o supra-espinhal, infra-espinhal, redondo menor e subescapular, e tem como funções principais a estabilização do ombro e auxiliar na dinâmica escapulo-umeral. 
 


A ativação do manguito rotador é essencial em movimentos amplos como elevação do braço acima da altura da cabeça, comum em esportes que envolvem arremessos ou saques e também na natação. Quando estes movimentos são realizados de forma repetitiva, causando fadiga muscular, ou com a técnica inadequada, podem ocasionar lesões como tendinites (principalmente do músculo supra-espinhal), bursite, subluxação anterior da cabeça do úmero e lesão do lábio glenoidal.


Entretanto, a lesão mais comum em trabalhadores ou atletas que utilizam muito o movimento de flexão ou abdução de ombro juntamente com rotação medial é a síndrome do choque do manguito rotador. Por ser um movimento freqüente na natação (principalmente no nado livre, costas e borboleta), a síndrome também é conhecida como “ombro do nadador”, e acomete cerca de 50% dos nadadores profissionais. Estes casos envolvem dor e hipersensibilidade da região do ombro, que pioram com a rotação do mesmo. 

Existem algumas teorias sobre a causa da síndrome: devido a fatores genéticos, indivíduos com espaço muito estreito entre o acrômio e a cabeça do úmero podem ter os tendões do manguito rotador e a bolsa sinovial apertados cada vez que o braço é elevado, causando friccionamento e desgaste destas estruturas. Outra teoria diz respeito à inflamação do tendão do supra-espinhal por estiramento repetido. Desta forma, os músculos do manguito não conseguem manter a cabeça do úmero dentro da cavidade glenoidal e o músculo deltóide acaba provocando um desvio superior da cabeça do úmero sempre que realiza a abdução, resultando em choque e desgaste do tendão do supra-espinhal. A terceira possibilidade é que o músculo serrátil anterior, responsável por posicionar a escápula em rotação durante a abdução do úmero, pode ficar fatigado, deixando de rodar a escápula como necessário, limitando o movimento de abdução e causando o choque. 

O tratamento desta síndrome é geralmente conservador, com analgesia e cinesioterapia (exercícios específicos). Porém é essencial prevenir este tipo de lesão, realizando trabalhos de flexibilidade, estabilização escapular e correção do gesto esportivo, ministrados pelo técnico esportivo, juntamente com um fisioterapeuta.

12 comentários:

  1. Há 8 anos faço fisioterapia em membros superiores e noto que além da lesão do manguito rotador, é muito comum a capsulite adesiva.O tt° para esses casos são muito dolorosos e demorados, usando cinésioterapia junto com técnicas de artrocinemáticas e alongamentos.
    Em sua opinião,qual seria o melhor momento durante o tt° para aplicar o exercício de codman, tido como um excelente recurso para lesão de manguito?
    E quanto a aplicação de artrocinemática logo no início da capsulite?
    Gostaria de ler sua opinião.

    Umgrande abraço.
    Luiz Abdon
    Rio de Janeiro
    abdonluiz@hotmail.com

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  2. A capsulite adesiva, ou síndrome do ombro congelado, é sim uma patologia muito comum em nadadores. Em sua fase inicial, quando há muita dor e inflamação, opto por recursos eletrofototerápicos, para analgesia e redução do processo inflamatório, aliados a exercícios passivos de alongamento e mobilização articular leve. Conforme a dor e inflamação diminuem, é possível passar para alongamentos mais intensos, a fim de aumentar a amplitude de movimento de ombro e a extensibilidade da cápsula articular; exercícios pendulares, como os exercícios de Codman, para ganho de espaço articular e produção de líquido sinovial; além de técnicas de mobilização intra-articular como Maitland. Nesta fase também já é possível incluir exercícios de fortalecimento muscular, a fim de restaurar a função do membro superior, sempre respeitando o limite de dor do paciente.
    Um ambiente propício para estes exercícios é o aquático, já que as propriedades físicas da água como o calor auxiliam no relaxamento muscular, facilitando exercícios de ganho de amplitude.
    Espero ter respondido a sua pergunta.

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  3. Excelente artigo da fisioterapeuta Denise. Eu trato de lesões de ombro frequentemente e através dos recursos adequados no momento propício conseguimos ótimos resultados. Além da conduta citada, podemos incluir exercícios de propriocepção na fase mais avançada do tratamento principalmente para os atletas que precisam atingir um patamar ótimo de desempenho sem correr o risco de recidivas.

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  4. Obrigada Sandra,
    acho a propriocepção muito importante para qualquer atleta. Nos casos de membro superior, essa propriocepção se converte numa boa consciência corporal, que é essencial para um gesto esportivo correto.

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  5. Parabéns Denise,

    primeira vez que acessei seu blog e gostei bastante. Sou Fisio tb e vc conseguiu colocar os assuntos de forma clara para quem quiser ler e entender.
    Felicidades
    Fabio

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  6. Colega Denise
    Cordial saludo. Muy buenos comentarios
    Soy fisioterapéuta colombiano con especialidad de rehabilitación en ortopedia y estoy de cauerdo con tus artículos, considero también de vital importancia para prevención en lesiones de hombro, efectuar flexibilidad de la cápsula posterior, para evitar que la cabeza humeral haga migración superior y comprima el tendón del supraespinoso.
    Los invito a participar e intercambio de experiencias en linkedin,grupo: fisioterapia de hombro y de rodilla
    Un abrazo y éxitos
    Sergio Velásquez Vélez
    sergiovel@une.net.co
    Medellín - Colombia

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  7. Olá Denise,
    Desde dezembro de 2010 venho fazendo tratamento conservador em lesão no ombro esquerdo, cfe. laudo: "manguito rotador com textura heterogenea, compatível com alterações degenerativas (tenho 66 anos) e mostrando uma zona de rotura completa transfixante de 0,5cm próximo a inserção do supraespinhoso. Porém meu ombro piorou muito, estou perdendo amplitude de movimentos e a dor aumentou bastante nos últimos 2 meses. A solução seria cirurgica ou ainda tenho outras opções de tratamento?
    Obrigada pela atenção.
    Abraços
    Carmen

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    1. Olá Carmen,
      o ideal seria eu ter uma avaliação fisioterapêutica (e não só o laudo do exame para determinar a melhor conduta no seu caso. Porém como há rotura completa do m. supraespinhoso, o ideal é fazer a reconstrução do mesmo, ainda mais com seu relato de piora nos últimos meses.
      Boa sorte em seu tratamento!

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  8. Boa tarde! Gostaria de saber duas coisas foi fazer um exame de ultrassonografia consta o laudo mongito rodeador hetepogenia na topografia do sopra espinhoso e o no punho direito ausência de lesões sólidas e ou cistina o que significa?

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  9. Boa noite Denise,

    Se por fatores genéticos, a cabeça do úmero e o acrômio estiverem bem próximos, como você cita acima, espremendo a bursa e os tendões. O que deveria ser feito nesse caso? Esse é o meu diagnóstico, você tem alguma dica? Ou acha que é preciso fazer raspagem no osso para diminuir a distância?

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    1. Olá,

      o procedimento de raspagem é muito agressivo, e possivelmente te traria uma série de outros acometimentos.
      Sugiro que faça um fortalecimento específico para a região do ombro, para proteger a articulação, com fisioterapia.

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