terça-feira, 16 de setembro de 2014

Então você só dá aula de Pilates, ou ainda atende fisioterapia?

Quantas vezes já não ouvi essa pergunta desde que resolvi trabalhar com o método Pilates? Acredito que muitos fisioterapeutas que fizeram esta escolha também estão cansados de ouvir questionamentos desse tipo...então hoje resolvi fazer um post diferente, falando sobre este assunto.



O método Pilates é uma técnica de trabalho corporal que utiliza diversos princípios, entre eles o alinhamento postural e a centralização - uso da musculatura do Power House ou CORE, que tem como função principal estabilizar a coluna, garantindo um movimento mais eficiente, com menos compensações e assim, menor risco de lesão.

Além disso, trabalha habilidades corporais como força, flexibilidade, equilíbrio, coordenação e correção do padrão de movimento.

E o que a fisioterapia faz? Exatamente a mesma coisa!!

Uma sessão de fisioterapia costuma utilizar exercícios de fortalecimento e de alongamento, técnicas para correção da postura etc. A diferença é o método utilizado para atingir estes objetivos!

Um fisioterapeuta pode utilizar diferentes técnicas como RPG, osteopatia, cinesioterapia, hidroterapia, massoterapia, terapia manual (Mulligan, Maitland, etc), entre tantas outras.

Alguém pergunta ao RPGista se ele não faz mais fisioterapia? Não! Já é difundido que o RPG é uma técnica fisioterapêutica...e por que não o Pilates?

Acredito que isso ocorra por outro motivo: o Pilates é uma técnica que não é exclusiva dos fisioterapeutas...no Brasil duas profissões têm legislação a respeito do uso do método: a Fisioterapia e a Educação Física. Entretanto, o Pilates é um curso livre, e que pode ser utilizado por outros profissionais. Na área da dança, por exemplo, existem diversos professores de Pilates, e em muitos países no mundo, qualquer um pode fazer o curso para virar professor de Pilates. 

Sendo assim, o que difere esses profissionais? E como ainda digo que minhas aulas de Pilates são fisioterapia? A diferença está na bagagem prévia que cada profissional traz para suas aulas, e o uso que irá fazer das mesmas.

Um profissional da dança pode usar o Pilates para melhorar a qualidade e fluência dos movimentos em seus bailarinos; o educador físico pode usar a técnica para aumentar o condicionamento físico de seus alunos; e o fisioterapeuta pode usar o método para reabilitar seus pacientes.



Reabilitar, como o próprio nome diz é "habilitar novamente", ou seja: devolver habilidades que o indivíduo perdeu. Essa "perda" das habilidades corporais pode ser devido a um processo patológico, a um trauma/lesão, ou simplesmente por maus hábitos posturais. E que habilidades são essas? As que falamos acima: força, flexibilidade, equilíbrio, coordenação e correção da postura e do padrão de movimento.

Então você só tem pacientes? Não tem alunos "saudáveis"? Claro que sim! 

A fisioterapia não é só a reabilitação, mas trabalha também com prevenção e promoção de saúde. Infelizmente, no Brasil, a saúde de forma geral ainda é muito vista como tratamento de doenças, mas a Organização Mundial da Saúde define saúde como “o completo estado de bem-estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de enfermidade”. Assim, a fisioterapia trabalha não só com pessoas doentes, mas também com pessoas saudáveis, que procuram prevenir lesões e querem garantir um bem-estar do ponto de vista físico, trabalhando suas habilidades corporais que já tanto citei. E o Pilates é uma ótima ferramenta para isso.

Assim, eu, como fisioterapeuta, garanto que minhas aulas de Pilates estão totalmente relacionadas à fisioterapia: meus pacientes/alunos são avaliados antes do início das aulas, para que eu saiba quais suas necessidades específicas; as minhas aulas são planejadas e preparadas individualmente para a necessidade de cada um (sei que muitos locais, inclusive alguns com fisioterapeutas, acabam fazendo uma aula "em massa" e dando os mesmos exercícios para todo mundo, mas comigo - e para tantos outros profissionais competentes -não é assim!); faço evolução diária de cada paciente/aluno e reavaliação constante, para acompanhar a evolução de cada um deles; planejar e replanejar os próximos passos.


Ainda, com conhecimento de outras técnicas da fisioterapia, identifico quando há necessidade de aplicar outra técnica juntamente ao Pilates, para melhor avanço do quadro dos pacientes/alunos. Se avaliar que há necessidade de uma técnica de mobilização articular, por exemplo, utilizo-a também, deixando o tratamento mais completo e específico para cada caso.

Atendo diversos casos com o Pilates: desde um atleta que quer corrigir seu gesto esportivo para melhorar o desempenho atlético e prevenir lesões, passando pela dona de casa que quer melhorar sua qualidade de vida, até um paciente com lesões ortopédicas, reumatológicas ou neurológicas.

Portanto, não deixei de ser fisioterapeuta para virar "pilateira", mas descobri no método Pilates uma ferramenta brilhante para atuar na promoção, prevenção e recuperação da saúde!






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